Parto normal
O parto normal é mais seguro que a cesariana, pois oferece menos riscos de infecção, hemorragia e prematuridade do bebê. O apoio à mulher durante o pré-natal e o trabalho de parto é o principal recurso para seu bom desenvolvimento. Em casos realmente necessários, podem ser oferecidos métodos não farmacológicos de alívio da dor e utilizadas intervenções como analgesia.
“Outra vantagem do parto normal é que o organismo materno se prepara para o nascimento. Os hormônios prolactina e ocitocina, fabricados durante o trabalho de parto, são fundamentais para ajudar a acelerar a produção de leite. Quem faz uma cesárea não produz quantidade suficiente desses hormônios e o leite pode demorar a descer”, explica o obstetra Jorge Kuhn, um dos fundadores da Casa Moara, espaço dedicado às mulheres grávidas e suas famílias. Além disso, a recuperação também é mais rápida em comparação à cesariana.

O parto normal deve ser o mais natural possível
Sempre que possível o parto deve acontecer sem intervenções. O ambiente deve respeitar a privacidade e as escolhas da gestante. Por isso, é indicado reduzir ruídos e luminosidade no local do parto, permitir que a parturiente caminhe, ingira líquidos e indique quem irá acompanhá-la. Além disso, é necessário possibilitar que a mulher adote as posições que a façam se sentir melhor – no momento da expulsão, por exemplo, a posição verticalizada pode facilitar o nascimento, por se mais fisiológica para mãe e bebê.
O recém-nascido também deve ser poupado de intervenções desnecessárias tradicionais. “Em relação ao recém-nascido, se ele estiver bem, chorando, com boa contratura muscular e bons reflexos, não é necessário fazer aspiração nasal, pois ele tem a capacidade de eliminar as secreções por conta própria. Isso acontece porque, no parto por via normal, é o bebê quem indica a hora certa de nascer e, durante a passagem pelo canal de parto, ele é massageado e estimulado para o nascimento”, esclarece a obstetra Andrea Campos, da Casa Moara.
O corte do cordão umbilical também pode respeitar o ritmo natural e ser feito tardiamente, após cessarem os batimentos, a não ser que haja alguma contra-indicação. Alguns profissionais da saúde que atendem ao parto oferecem para que o pai da criança corte o cordão.
O parto natural pode ser realizado em maternidades, Centros de Parto Normal e em casa, mas é preciso contar com o acompanhamento de uma equipe especializada, liderada por enfermeiros-obstetras ou obstetrizes.
Nesse tipo de parto, a presença de uma doula também é bastante apropriada, visto que ela oferece suporte físico e emocional à parturiente, transmitindo confiança, segurança e suporte afetivo, físico e emocional. Ao longo do trabalho de parto, essa profissional ajuda a gestante a encontrar as melhores posições, sugere métodos para aliviar as dores, entre eles banhos e massagens, e ainda auxilia e orienta o acompanhante.
Parto domiciliar
Este tipo de parto é realizado na casa da parturiente. É recomendado apenas para gestações de baixo risco e deve ser conduzido por um médico ou enfermeiro-obstetra Durante o trabalho de parto, é preciso garantir que a gestante possa ser transferida para um hospital se for registrado qualquer problema ou complicação.
No Brasil, nas regiões do campo e da floresta, muitas crianças nascem pelas mãos de parteiras tradicionais, mulheres que, de forma voluntária, seguem o ofício de ajudar outras mulheres a parir.
Cada vez mais o governo brasileiro reconhece o valor e o trabalho das parteiras tradicionais, que também atuam nos centros urbanos.

Parto na água
Neste tipo de parto normal ou natural, a mãe dá à luz em uma banheira com água morna, que pode proporcionar conforto e ajudar a aliviar as dores das contrações. O processo deve ser sempre acompanhado por um enfermeiro-obstetra ou médico e não é indicado em casos de parto prematuro, gestantes com diabetes, hipertensão, HIV positivo, hepatite B ou herpes genital ativo e bebês acima de quatro quilos.

Parto de cócoras
Outro tipo de parto normal ou natural, neste procedimento a mãe fica de cócoras em uma cadeira ou em um banco especial. Nessa postura, a força da gravidade facilita a saída do bebê e alivia a dor das contrações. A posição de cócoras é considerada mais fisiológica e pode ser adotada por qualquer gestante(que não tenha contra-indicação do parto normal).

Cesárea
Segundo dados de 2009 do Ministério da Saúde, as cesarianas representam 34% dos partos realizados na rede pública de saúde brasileira. No entanto, por se tratar de um procedimento cirúrgico, a Organização Mundial de Saúde (OMS) recomenda que esses casos não ultrapassem 15%. Essa indicação se refere aos partos de risco, quando há situações como posição inadequada do feto (que permanece sentado ou atravessado mesmo após tentativas para mudá-lo de posição) e descolamento prematuro de placenta.
“Outras razões que exigem a cesárea, constatadas durante o trabalho de parto, são o sofrimento fetal e a desproporção céfalo-pélvica. No primeiro caso, o bebê não está bem e precisa nascer imediatamente. No segundo, a mãe apresenta toda ou quase toda a dilatação necessária, mas o bebê não desce pelo canal de parto”, detalha Andrea Campos.
Hoje há um abuso desse procedimento no Brasil, o que faz com que muitas crianças nasçam prematuras.
Parto prematuro
Segundo a OMS, o parto é considerado prematuro quando ocorre antes da 37ª semana de gestação. Entre as causas mais comuns para a prematuridade estão a gravidez na adolescência, ruptura prematura da bolsa, gestações de gêmeos e problemas de saúde da mãe, como pressão alta, infecção urinária, diabetes e tabagismo. A “cesariana de hora marcada” contribui com o aumento no número bebês que nascem prematuros.
Os cuidados com o bebê dependem do tempo de prematuridade. Quando o nascimento acontece entre 34 e 37 semanas, o maior risco é a dificuldade na respiração. No entanto, quando o prematuro nasce antes de 34 semanas, seus órgãos ainda não estão completamente desenvolvidos e é necessária uma atenção ainda maior.
Além disso, o bebê prematuro fica mais vulnerável a complicações que podem dificultar seu desenvolvimento. Por isso, é fundamental ter o acompanhamento do pediatra. Leite materno e muito carinho também são essenciais para garantir uma vida saudável para a criança.
Fontes:
Ministério da Saúde
Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia
Universidade Federal de São Paulo (Unifesp)
Casa Moara